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Refletindo e meditando.

Refletindo e meditando.

As Meditações da Visão e da Audição

Pedro Tornaghi


    A beleza entra pelos sentidos e segue até à alma. Para um cego não há muita diferença
entre se deparar com uma cena linda em dia de Sol claro ou em noite de pouca luz.
De uma ou outra maneira, ele não perceberá, como você, os jogos de luz e sombra.
Com ou sem sol, a cena estará lá, mas ele não poderá vê-la. Um cego de nascença
dificilmente terá como mudar sua condição, mas uma pessoa que não venha usando
os olhos saudáveis que possui poderá mudar, se decidir agir de maneira diferente.
Estamos cegos psicológica e emocionalmente para a maior parte de nossa existência,
sem perceber claramente nem a realidade externa nem a interna.
Diferente do cego comum, temos os olhos; só nos falta a visão. Talvez se não possuíssemos
olhos saudáveis, invejássemos a possibilidade de quem os tem, mas tendo-os, não lançamos
mão, satisfatoriamente, de nosso direito à percepção.
   O cego, por estar privado de um sentido, acaba expandindo os outros, o tato, a audição,
o olfato e o paladar, em uma medida em que a pessoa de visão saudável dificilmente sonha
ser possível, embora tenha o mesmo potencial e capacidade. Quem tem a visão perfeita pode
experimentar a mesma intensidade e riqueza de informações desses outros sentidos e tornar seus
dias mais vivos e emocionantes.É preciso readquirir a plena capacidade de nossos sentidos
e voltarmos a ser pessoas que enxergam, abrindo mão da inconsciência voluntária e dos
“amortecedores” e “barreiras” que criamos para a nossa percepção. Precisamos reavaliar as 
diferentes máscaras e proteções que colocamos e mantemos sobre os olhos. Podemos, se
nos tornarmos disponíveis para isso, recuperar a visão que já tivemos e desenvolver a 
que ainda não chegamos a ter.
As “meditações da visão” são um conjunto de técnicas criadas para possibilitar-nos, de 
maneira harmônica e sem traumas, recuperar e desenvolver não apenas a visão, mas aumentar 
a nossa percepção global, tornando mais acurados também o tato, a audição, o olfato 
e o paladar. Elas atuam no plano subjetivo e objetivo, aprimorando ao mesmo tempo 
a percepção interior e a exterior.
Partindo de uma liberação da “couraça muscular dos olhos” elas promovem um relaxamento
profundo do cérebro produzindo uma serenidade e paz interiores que nos levam a enxergar com
lucidez e discernimento os acontecimentos de nosso dia-a-dia. O nervo óptico é parte do cérebro.
Ele é constituído de neurônios e quando o relaxamos, a sensação de descanso mental é imediata. 
Ao alcançarmos essa calma interna, experimentamos um bem estar psicológico e emocional que
nos leva ao equilíbrio. Sentimo-nos imediatamente livres de antigos elos de dependência que 
tornavam nossa relação com o outro e conosco mesmos tumultuada e insatisfatória.
As meditações da visão reduzem as cisões em nossa personalidade e nos revelam a existência 
de uma “bússola interna” capaz de nos orientar com uma clareza cristalina em nossas decisões
emocionais e práticas.As meditações da visão são benéficas no aspecto físico e energético.
Elas descongestionam e vitalizam os chakras, regulando o nosso relógio biológico, combatendo 
a insônia e a inércia simultaneamente. Ao aumentar a sensibilidade dos sentidos refinando e 
ampliando sua capacidade perceptiva, elas nos levam a perceber de maneira tocante e
emocionante, muitas e preciosas sutilezas da vida que vinham escapando do nosso sentir.
Como benefício físico dessas meditações, temos o fato de que elas diminuem gradativamente 
os erros de refração da visão, deixando formas e cores mais nítidas e regredindo progressivamente
a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a vista cansada. É significativo o número de pessoas 
que abandonou os óculos (muitas vezes carregados por uma vida inteira). Pessoas com mais de 80 
anos voltaram a enxergar com nitidez sem sentir a vista cansada enquanto outras que tinham
dores de cabeça ao ficar 15 minutos sem óculos, abandonaram para sempre esse indesejado
acompanhante.
    Mas a contribuição mais importante das meditações da visão é sua participação no crescimento 
espiritual. Ao experimentarmos o relaxamento profundo do cérebro, podemos realizar o que propõe o Yoga: a “cessação das ondas mentais”.Ao provarmos esse estado, vamos, aos poucos, 
podendo entrar conscientemente em regiões além da psique comum. Penetramos numa atmosfera 
onde tudo em volta de nós aparenta uma maior calma e atingimos uma compreensão que nasce da
pureza interna, uma compreensão profunda da vida, em sua raiz.
   Com a continuidade das meditações, aprendemos a arte de mergulhar de maneira revigorante na fonte da inteligência criativa e voltar de lá com uma visão própria e inédita da vida.
 Desenvolvemos a sensibilidade, a inteligência intuitiva e um maior gosto por existir. Aumentamos
a nossacapacidade de aceitação e entrega, ao mesmo tempo em que adquirimos um discernimento
 aguçado. Porém, o mais relevante em todas essas habilidades desenvolvidas é que ao refinar 
os sentidos elas proporcionam a delicadeza de percepção necessária para podermos empreender
a maior aventura disponível a um ser humano: a viagem para dentro de nós mesmos.
Para que essa viagem tenha sucesso, precisamos apenas de uma coisa: a prática. E, quanto 
antes a começarmos, mais cedo beberemos dessa fonte límpida e colheremos o bem estar possível
a quem a experimenta.

A Calma Absoluta do Olhar
Pedro Tornaghi
 
   Todo e qualquer pensamento promove algum movimento nos olhos. O movimento pode ser
mínimo, imperceptível à sensibilidade, mas está lá. A linha inversa também é verdadeira, 
todo e qualquer movimento dos olhos, influi na atividade no cérebro e no estado mental.
   Essa ligação direta entre pensamento e olhar, torna possível influir em nosso pensar
a partir do que escolhemos fazer com nossos olhos. E a oportunidade é imensa,
vai muito mais além da chance de acalmar ou excitar a mente ao se induzir os olhos à calma 
ou excitação, é possível mesmo chegar à cessação dos movimentos da mente, quando somos
apresentados à calma absoluta do olhar. Em outras palavras, os olhos que todos carregamos 
sobre o nariz, podem ser uma porta simples e acessível a uma experiência que parece difícil 
ou até mesmo impossível a muitos: a meditação. Mesmo parecendo impossível, pode estar
ao alcance das mãos, se não exatamente diante de nossos narizes, acima deles. A primeira 
frase do “Yoga Sutras”, o mais tradicional tratado de yoga, sugere: 
“yoga é a cessação das ondas da mente”, ou seja, yoga é meditação. Mas, como chegar a isso?  
   Muitos tentam, das mais diversas formas, uns poucos – muito poucos – conseguiram; e a
maioria se frustrou no caminho, entre tropeços por estradas muitas vezes tortuosas.
   Como acalmar a mente? “Peço para que ela fique calma mas ela…” “Peço para que ela 
pare e ela dispara mais ainda.” Sim, a mente é rebelde. Funciona como os robôs de
algumas histórias de ficção científica que, após serem programados por seus inventores,
ganham vida própria e se rebelam contra o criador, tentando destruí-lo. Como ter acesso
novamente à programação deles? Como encontrar receptividade deles para sua necessidades 
atuais? Qual o código de acesso? A chave pode estar escondida debaixo do capacho,
na porta da casa. O acesso para a mudança do estado de espírito da mente pode 
estar nos olhos. Shakespeare popularizou a ideia dos “olhos serem as janelas da alma”. 
   É igualmente real, mesmo que menos poético, afirmar que os olhos são janelas da mente. 
Sim, por eles entra luz em nossos cérebros, por eles nossas glândulas pineais se alimentam 
de luminosidade e têm seu funcionamento regulado. Por eles se insinuam estímulos elétricos 
que vão ditar ritmos de muito do que acontece em nosso cérebro. O nervo óptico, que conduz
o que vemos desde os olhos até os fundos do cérebro, é composto de neurônios, pode-se mesmo 
dizer que os olhos são uma extensão – visível – de nosso cérebro, que acalmar o nervo óptico,
já é acalmar o cérebro. Sim, é muito difícil dizer ao cérebro: “relaxe”. Não conhecemos o acesso. 
E ele não está nem aí para nossa instrução, ele tem mais o que fazer, ele tem movimentos 
já acontecendo dentro de si que parecem fazer mais sentido para ele do que a nossa
instrução; ele tem “ondas” em andamento por toda a sua extensão. Mas, se não temos acesso
ao cérebro, não é difícil induzir os olhos a relaxar. É até fácil. E, quando os olhos relaxam, o 
cérebro relaxa. Imediatamente. A opção de relaxar ou tensionar internamente pode se tornar 
algo simples, como escolher colocar uma panela de água para ferver ou para congelar.
   A hipnose sabe disso há muito tempo. Quando o hipnotizador pede ao cliente, que acompanhe 
com os olhos o oscilar do pêndulo da direita para a esquerda e em seguida lhe induz com 
frases como “seus olhos estão ficando cansados”, “as pálpebras começam a pesar”, “seus olhos 
estão a cada momento mais relaxados”, ele pretende levá-lo ao contato com zonas sutis 
da mente, contato esse somente possível quando há um relaxamento profundo dela.E os
resultados são incríveis. Pode-se experimentar durante o transe hipnótico, momentos
de total liberdade do pensamento e de nossas crenças mais arraigadas. Pode-se ter acesso 
a lembranças primordiais guardadas dentro de nós.
A hipnose, até onde se sabe, nasceu na Índia. Como filha da meditação.Ela aponta para algumas maneiras possíveis de relacionar olhos com a mente. Mas não obrigatoriamente se utiliza de
todas.
   O olhar pode servir como um caminho de acesso fácil à meditação. E foi usado muitas vezes
na historia da Índia, com sucesso. Basta que paremos totalmente nossos olhos para que 
a mente “cesse seus movimentos”. Aquietando-os, estamos a um passo da meditação.
Parando-os, estamos mesmo a um tropeço dela. Existe um bom número de meditações 
que exploram diferentes maneiras de se chegar a essa “calma do olhar”, capazes de levar 
ao florescer da lucidez e a uma clareza do olhar sem precedentes. São técnicas de 
meditação, complementares entre si, que induzem a esse aquietar interno, tornando-o 
acessível mesmo a quem tem pouca ou nenhuma experiência com a meditação. 
Sendo práticas simples, prazerosas e de ação imediata, elas estimulam a pessoa a mergulhar
no processo de autoconsciência. Uma vivência contínua delas, além de trazer a clareza 
do olhar sobre si e sobre o mundo, proporciona um relaxamento físico surpreendente,
capaz de tornar os dias mais “confortáveis” e imunes ao estresse. É experimentar, e ver
com os próprios olhos. .
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